MARCIAL SALAVERRY
POETA ECLÉTICO
POETA ECLÉTICO
"Sempre receberemos críticas desfavoráveis, pois é impossivel agradar a todos. Quem gosta de forró, pode não apreciar Beethoven, embora tudo seja arte. A reação que tenho, depende da maneira como a crítica é feita. Se é uma crítica consciente, feita por quem tem condições de faze-la, posso analisar o que escrevi para ver se ela tem fundamento. Mas se é feita gratuitamente, por quem apenas quer criticar, simplesmente deleto. E aconselho a quem lê algo que não goste, que apenas delete aquilo que leu. Aliás, escrevi um poema dando esse enfoque. É o "Use a Tecla Del, PÔ". Sempre haverá quem goste ou quem não goste daquilo que alguém faz. Eu gosto de Olavo Bilac, de Neruda, e tem quem os ache 'um porre".... Já disse Nelson Rodrigues: A UNANIMIDADE É BURRA. Sempre haverá quem goste ou quem não goste."
ELOS = Diga-nos sua nacionalidade e fale um pouquinho da cidade onde você mora.
R= Sou brasileiro já há 69 anos... E moro em Santos. embora seja natural de Sampa, considero-me santista por adoção, pois esta cidade me acolheu muito bem, além do que, é a "cidade com maior e mais belo jardim de praia do mundo...". é conhecer pra se apaixonar.
ELOS = Qual a sua formação escolar?
R= Secundária. cheguei até o que, na época, era o Curso Científico. Tive que abandonar os estudos para entrar fundo na luta pela vida, principalmente após a morte de meu pai.
ELOS= Qual o seu poeta ou poetisa preferido?
R= Para dizer a verdade, não tenho preferencia por nenhum. Gosto muito de arte. Posso dar um ligeiro destaque para Vinicius de Morais, Neruda, Florbela Espanca...
ELOS= Você se inspira em algum poeta, para escrever?
R= Geralmente me inspiro em um poema, em uma música, em uma imagem, em uma lembrança, em um por do sol, numa noite de luar. A inspiração apenas surge...e eu escrevo.
ELOS= O que é preciso para escrever bem?
R= Um teclado de computador. Não gosto muito de escrever, por ter uma letra muito feia. Sim, e claro, a chegada da inspiração, que não escolhe momento nem ocasião, depende do que vejo.
ELOS= Quais qualidades pessoais isso exige?
R= Uma alma romantica, e sempre aberta para a inspiração. E não ter vergonha de deixar a alma fluir e dizer o que sai da alma, passa pela cabeça, e sai através dos dedos...
ELOS= Antes de saber escrever bem, é preciso saber por que se escreve?
R= O principal, é ter um bom vocabulário, e conhecer as regras gramaticais, para não sair besteira.
ELOS= Enquanto escreve, sua vontade maior é agradar ou se satisfazer?
R= É apenas deixar fluir o que a alma está sentindo no momento. E isso me satisfaz, claro.
ELOS = Colocando-se apenas no papel de leitor de sua obra, existe a possibilidade de considerar qualquer trabalho seu um fracasso?
R= Coloco-me como leitor, e geralmente gosto do que escrevo. Quando não gosto de algo, primeiro pergunto a alguém pedindo opinião. O que é raro, aliás.
ELOS = Ao terminar de escrever um texto, você aceita e gosta do resultado unicamente porque é responsável por ele?
R= Quando me leio, separo o leitor do escritor. E se não gosto, deleto.
ELOS= Uma escritora inglesa expôs a seguinte opinião: "poesia não é uma expressão da personalidade, mas uma fuga dela". E ela explica: "personalidade é muito mais do que detalhes autobiográficos, é o nosso próprio modo de processar o mundo, nossa maneira de ser, e não pode ser artificialmente retirado de nossas atividades: é nosso jeito de ser ativos". Você acha que é preciso ter conhecimento e aproveitar um pouco dos dois lados na criação, ou apenas trabalhar com um deles é suficiente?
R= Tudo depende do enfoque que se dá à poesia. Ela pode ser algo natural, que sai da alma, e sem rebusques, ou presa às regras poéticas, que podem tirar a naturalidade da alma do poeta, que vai precisar por vezes procurar em dicionários palavras que se encaixem à métrica, ou à rima. Essa a diferença entre a poesia convencional, e a poesia livre.
ELOS= Já teve alguma poesia sua que sofreu uma critica desfavorável? Se teve, qual foi sua reação?
R= Sempre receberemos críticas desfavoráveis, pois é impossivel agradar a todos. Quem gosta de forró, pode não apreciar Beethoven, embora tudo seja arte. A reação que tenho, depende da maneira como a crítica é feita. Se é uma crítica consciente, feita por quem tem condições de faze-la, posso analisar o que escrevi para ver se ela tem fundamento. Mas se é feita gratuitamente, por quem apenas quer criticar, simplesmente deleto. E aconselho a quem lê algo que não goste, que apenas delete aquilo que leu. Aliás, escrevi um poema dando esse enfoque. É o "Use a Tecla Del, PÔ". Sempre haverá quem goste ou quem não goste daquilo que alguém faz. Eu gosto de Olavo Bilac, de Neruda, e tem quem os ache 'um porre".... Já disse Nelson Rodrigues: A UNANIMIDADE É BURRA. Sempre haverá quem goste ou quem não goste.
ELOS= Você acha que a crítica pode fazer o poeta aperfeiçoar-se, ou desistir da poesia?
R= Geralmente a crítica bem direcionada, pode ajudar a corrigir eventuais defeitos, de quem os queira corrigir. O aperfeiçoamente poetal, o poeta vai obtendo com a auto crítica. E desistir de poetar porque algum "iluminado" fez críticas azedas, é falta de personalidade, e de alma poetal. Então, é melhor parar...
ELOS= Como você definiria o seu estilo?
R - Eclético. Escrevo sobre todos os assuntos. Contos, crônicas, poesias de todos os estilos, sonetos, trovas, poetrix, haicai, esportes. Tudo depende da inspiração de momento.
ELOS= Acha a poesia rimada, perfeita?R= Se ela for bem escrita, e a rima fluiu naturalmente, é perfeita. Mas se é uma rima forçada, não é perfeita, pois não é natural. A poesia é perfeita, quando expressa um estado de alma.
ELOS= Alguma vez já teve alguma poesia sua roubada, adulterada ou com o famoso "Autor Desconhecido"?
R= Já perdi a conta das vezes em que tive conheciomento disso. E sei que com essa infinidade de blogs a coisa está feia, pois é dificil um controle sobre isso. Quando encontro uma, procuro conversar com quem me fez o repasse, e tentamos localizar a origem, pedindo que faça a devida correção. Muitas vezes fui atendido, e acabei ficando amigo da autora do AD...
ELOS= Está certo repassar poesias sem autoria?
R= Eu não repasso. Se gosto do tema, procuro descobir o autor numa pesquisa no google. E se não encontro, simplesmente deleto, por mais lindo que seja. Não acho justo para com o autor deixar circular o texto de paternidade desconhecida.
ELOS = O que você nos diz sobre a arte de fazer cirandas de poetas, tão em voga nos Grupos poéticos?
R= Gosto muito de Cirandas, desde que o tema inicial seja respeitado. Considero as cirandas um desafio à criatividade poetal. Seguindo Cirandas, escrevi já muitos textos inapirados pelo tema da ciranda.
ELOS = E sobre duetos e entrelaces, acha válido essa forma de interagir com poesias?
R= Desde que haja o consentimento, sim, acho muito válido. Quando não existe um prévio acordo entre os autores, sempre se deve pedir autorização ao autor, para montar um dueto. Não acho correto fazer algo à revelia do autor.
ELOS = O que deseja para a poesia dentro do mundo capitalista?
R= Que se continue poetando, e que o povo aprenda a ler poesias, dando o devido valor aos livros tão custosamente editado pelos autores.
ELOS = Sua inspiração é espontânea ou você precisa de momentos específicos para escrever?
R= Preciso estar vivo. A inspiração flui conforme o momento. Como respondi a outra pergunta acima.
ELOS = Já editou algum livro de papel?
R= Já. Quatro. A saber, (E)Ternos Namorados, de poesias -Cronicas da vida, de crônicas -Um Brasileiro na África, contando aventuras vividas durante tres anos em que morei no Congo, viajando pelo interior do País Historia de um Amor Especial, escrito a quatro mãos com a poeta Walkyria Garcia, sobre um amor vivido na época da Inquisição Espanhola.
ELOS = Defina a poesia e a participação dela nos meios literários.R= A poesia é a vida da alma, e a alma dá vida à poesia. E para os apreciadores do gênero, é importante nos meios literários. É o que dá vida à literatura. Basta entender que todos os Hinos, e que todas as músicas épicas, são poesias musicadas.ELOS = Qual a poesia sua que mais gosta?
R= Pelo momento em que foi escrito, é "Marcas do Tempo", mas para definir poesia, é A Arte de Escrever, que reflete bem o que é uma poesia.
Obrigado por tão preciosa entrevista e aceite nossos efusivos Parabéns, por sua linda participação. Esperamos que continue a abrilhantar os Grupos com seus maravilhosos poemas.
R= Não deixarei de faze-lo.
MARCAS DO TEMPO
Marcial Salaverry
Enquanto dormias,fiquei teu rosto olhando,
absorto admirando,as marcas que o tempo deixou...
E que a vida acentuou...
Os cabelos embranquecidos,
atestando os anos vividos...
As rugas de teu rosto,
o que pelo tempo foi imposto...
Quanta vidafoi por nós vivida...
E nessa vida... quanto amor...
E também alguma dor...
O caminho não é só de flores...
Existem espinhos que causam dores...
Com os filhos, preocupações...
Mas, sempre unindo nossos corações,
encontrávamos as soluções...
Problemas pela idade causados,
com amor sempre foram afastados...
Problemas de convivência,
sempre exigindo paciência...
As rugas encontradas...
Outras marcas pelo tempo deixadas...
Tudo fomos superando...
Sempre muito nos amando...
E na prova derradeira...
Superamos a maior barreira...
E agora... mão na mão...Coração a coração...
Dizemos em uníssono,EU TE AMO, MEU AMOR.
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A ARTE DE ESCREVER
A ARTE DE ESCREVER
Marcial Salaverry
A Arte de escrever,é a melhor fuga que pode haver...
Enquanto estamos escrevendo,
não estamos sofrendo,dos problemas,
vamos esquecendo...
Só para a arte estamos vivendo.
Para outros tempos nos transportamos,
para outros mundos nos mudamos...
Não sabemos mais onde estamos,
em nosso interior mergulhamos.
É uma doce loucura,que acaba com qualquer tortura...
Alivia a nossa mente,não nos deixa ficar demente.
Assim, fora da realidade,nossa única verdade
aquilo que escrevemos,e das letras nós fazemos
nossa arma justiceira,
e até acabamos com a bandalheira...
Escrevemos o que sonhamos...
e depois quando acordamos,estamos
com as baterias recarregadas,
as dificuldades serão melhor enfrentadas...
Enquanto estivemos a sonhar,
nossas forças conseguimos recuperar.
Poetas... artistas... escritores...
Não abandonemos nossos pendores.
Se esse talento temos...não o abandonemos.
Se nosso destino é escrever,é o que devemos fazer.
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